Degustação "Castas Ibéricas - Tempranillo" (1ª Rodada): Resultados

A quarta degustação de nossa Confraria ocorreu no dia vinte de maio, das 20h à 1h30min, na Casa do Guedes, e teve como tema a uva Tempranillo, destacando-se numa primeira rodada os vinhos da sua terra natal, a região espanhola de Rioja, em cuja composição ela entra de forma amplamente majoritária. As diversas faces desta cepa e a grande riqueza vitivinícola da Península Ibérica serão objeto de nossa apreciação em outras tantas oportunidades.

Vinhos: Don Román 2003 (Unión de Viticultores Riojanos – Rioja Alta/Espanha), Fortaleza do Seival Tempranillo 2005 (Miolo – Campanha Gaúcha/Brasil), Marqués de Tomares Crianza 2001 (Unión de Viticultores Riojanos – Rioja Alta/Espanha), Marqués de Riscal Reserva 2000 (Herederos del Marqués de Riscal – Elciego-Rioja Alavesa/Espanha), Marqués de Arienzo Reserva 1999 (Bodegas Domecq – Rioja Alavesa/Espanha).

Confrades presentes: Édil Guedes, Flávia Guedes, Igor Maia, Alexandre Guimarães, Denise Leiva, Myla Fonseca, Flávio Souza Cruz, Francesco Botelho e Mariana Botelho.

Os resultados da degustação:

1) Marqués de Riscal Reserva 2000 – 91 pontos (*****).
2) Marqués de Arienzo Reserva 1999 – 88 pontos (****).
3) Marqués de Tomares Crianza 2001 – 88 pontos (****).
4) Don Román 2003 – 84 pontos (***).
5) Fortaleza do Seival 2005 – 73 pontos (**).

Comentários:

I. A degustação dividiu-se em duas etapas. Separamos os vinhos sin crianza, os vinhos jovens. Na segunda série, os de longa maturação em barricas e em bodega, na própria garrafa. A ordem dos vinhos provados às cegas revelou-se a seguinte: Don Román 2003, Fortaleza do Seival 2005, Marqués de Tomares Crianza 2001, Marqués de Riscal Reserva 2000, Marqués de Arienzo Reserva 1999

II. A média de 85 pontos (****), nível ótimo, foi a maior registrada em nossos encontros.

III. O vencedor da noite desta vez não foi uma surpresa: produto da mais tradicional vinícola da Rioja Alavesa, o clássico Marqués de Riscal Reserva (Elciego), da safra de 2000, recebeu da Confraria do Guedes 91 pontos (excelente), a mais alta pontuação de nossas reuniões até então. Cinco dos nove presentes lhe conferiram notas acima de 90. Foi o segundo desvio-padrão: 4,24 pontos. Realmente, um belíssimo vinho, digno de sua tradição e fidelíssimo representante da qualidade e tipicidade riojanas. Relação custo/benefício (preço/nota): 1,02. Características organolépticas, segundo anotações dos presentes: “Cor rubi mais clara, violácea, com halo levemente amarelado, de alguma evolução (sugere longevidade); buquê muito expressivo e sofisticado: tabaco, canela, defumado, fruta madura, algo de açúcar queimado; na boca, bastante elegante, confirmando amplamente as impressões olfativas, bela acidez e boa estrutura; final excelente e longo, com certa adstringência (parece mesmo ter estrutura para mais um bom tempo de garrafa)” (EG); “Vinho intenso em aroma e sabor, com traços de evolução e com um toque animal. Boa evolução!” (IM); “Frutas vermelhas, aroma muito intenso, exuberante, um vinho Rioja com certeza!” (MF). Dados técnicos: uvas procedentes de vinhedos de 15 a 30 anos de idade (90% Tempranillo, 10% Graciano e Mazuelo); 23 meses de crianza em barricas de carvalho americano, engarrafado em janeiro de 2003, e permanece pelo menos mais 13 meses na bodega antes de chegar ao mercado; graduação alcoólica: 13°.

IV. Em segundo lugar, apesar de um empate em 88 pontos (ótimo), o Marqués de Arienzo Reserva 1999, vinho de elite das Bodegas Domecq, teve a preferência de um dos presentes (Flávio) e ficou na segunda posição para cinco (Francesco, Mariana, Myla, Igor e Alexandre). Recebeu 90 ou mais pontos de duas pessoas (Mariana e Alexandre) e teve também o menor desvio-padrão: 3,16 pontos. Anotações das características organolépticas: “Vinho de fruta expressiva, não tão persistente em boca, equilibrado e que já está pronto” (IM); “Cor rubi com halo alaranjado (maior evolução), aroma de doce (geléia) e azedo (fruta vermelha fresca: cereja), maçã vermelha madura, aromas terciários, tostado ao fundo (mas predomina a fruta); no paladar, bom nervo, boa acidez, o sabor confirma as impressões olfativas. Final bem agradável, de longa persistência” (EG); “O vinho mais equilibrado de todos; lembra um pinot noir pouco envelhecido” (MF). Dados técnicos: uvas Tempranillo (95%), Graciano e Mazuelo (5%); 24 meses de crianza em barricas de carvalho americano, permanece pelo menos mais 12 meses na bodega antes de chegar ao mercado; graduação alcoólica: 13°.

V. Também em segundo lugar, com 88 pontos, o Marqués de Tomares Crianza 2001. Este vinho foi considerado o melhor para uma das presentes (Denise), ficou com a segunda colocação para outros dois (Édil e Flávia, que o consideraram excelente) e com a terceira na avaliação de Igor, Alexandre e Myla (que o consideraram ótimo). O desvio-padrão das notas foi um pouco maior: 6,7 pontos. Ótima razão custo/benefício: 0,37. Descritores organolépticos: “Rubi cristalino com halo alaranjado-castanho, denotando evolução; buquê elegante, rico: fruta vermelha (amora, morango), ameixa, muito equilibrado com os aromas terciários aportados pela criação em carvalho americano (baunilha, tostado, especiarias); na boca confirma o buquê, tem bom nervo e uma vinosidade marcante e agradável (elegância); belo final” (EG); “Cor rubi querendo ter alguns reflexos, baunilha, tostado e muita fruta madura” (IM); “Frutas vermelhas frescas mais intensas, vinosidade agradável, final levemente tostado” (MF); “não muito intenso, certa acidez, equilibrado, ótimo com comida” (AG). Dados técnicos: uvas procedentes de vinhedos de mais de 25 anos de idade (90% Tempranillo, 7% Mazuelo e 3% Graciano); 12 meses de crianza em barricas de carvalho americano (uma trasfega, com 6 meses), fica em seguida por 30 a 40 dias em cubas de inox antes de ser engarrafado e envelhece na garrafa em bodega por pelo menos mais 14 meses (as primeiras garrafas que vão ao mercado, pois as últimas permanecem 26 a 27 meses); graduação alcoólica: 13,5°.

VI. O Don Román 2003 ficou em quarto lugar com 84 pontos, mas destacou-se para boa parte dos presentes, especialmente pela relação custo/benefício: 0,31. Desvio-padrão das notas: 3,77 pontos. Anotações: “cor rubi intensa, com leves toques violáceos; buquê agradável, não demasiado complexo, mas intenso (coco, café, tostado, fruta madura, uva passa, leve toque de especiarias); na boca confirma pouco as impressões olfativas, é pouco expressivo, mas é fácil de beber; bom final, mas curto; evolui pouco no copo” (EG); “Um vinho bom em aroma; na boca bem equilibrado, um pouco vivo. Bem balanceado” (IM); “Leve, gostoso, mas com persistência alcoólica” (FSC); “Aroma de frutas secas e torrefação (média), leve em especiarias, herbáceo, toques de madeira” (MF); “Cheiro maravilhoso” (AG); “Bom para comida” (MB). Dados técnicos: uvas Tempranillo (90%) e Mazuelo (10%); 55% da maceração é carbônica; 3 meses de estágio em barricas de carvalho americano, envelhecendo na garrafa por pelo menos 9 meses antes de ser comercializado; graduação alcoólica: 13°.

VII. A grande decepção da noite foi o Fortaleza do Seival Tempranillo 2005, com 73 pontos. O da safra anterior andou se saindo muito bem em degustações às cegas diante de vinhos reputados feitos com esta uva e foi um sucesso de vendas, esgotando-se muito rapidamente. Mesmo exemplares desta nova safra já tiveram boa avaliação em revistas especializadas e já foram degustados por três confrades (Édil, Flávia e Igor) confirmando as impressões registradas do 2004. Mas, como diz o jornalista e crítico de vinhos Saul Galvão, “o mesmo vinho pode ser diferente até de garrafa para garrafa”. De fato, cada garrafa tem a sua história. Mas nesta não havia propriamente defeitos, como oxidação, vinho bouchonné ou coisa afim. Apenas, unanimemente, o vinho foi considerado muito pouco expressivo, especialmente nos aromas, mas também no conjunto do paladar, ficando muito aquém do nível dos riojanos provados. Anotações dos confrades: “Um vinho pleno na boca e em aroma demora mais para abrir. Já tomei? Só que estava muito melhor...” (IM) “Mais ácido do que o primeiro [Don Román], algo dissonante, vinho jovem, baunilha, ameixa seca” (MF); “horrível, não tomaria nunca mais” (FSC); “curto” (MB); “fraco” (AG); “Cor rubi escura, retinto; Nos aromas, baunilha, algo de condimento (ardido), coco fresco, vinosidade, algo de geléia (com a evolução no copo), pouco intenso; no paladar, equilibrado, boa acidez, mas não muito expressivo; retrogosto com razoáveis qualidade e persistência” (EG). Dados técnicos: 30% do vinho envelhece em barricas de carvalho americano, o restante em cubas de aço inox.

VIII. Notas já atribuídas a estes vinhos por outras publicações, sites e críticos: Marqués de Riscal Reserva 2000: 87 (Wine Enthusiast: www.winemag.com); “um clássico da enologia espanhola... revela-se complexo, elegante, com um fundo tostado” (Revista Gula – Vinhos do Ano 2005); **** a ***** (Saul Galvão – Guia de Tintos e Brancos); 85+ (Guía Penin); 85(Guía Proensa: “Clásico y de amplio espectro, claramente situado en su entorno riojano histórico”); Marqués de Arienzo Reserva 1999: **** (Saul Galvão – Guia de Tintos e Brancos); 80+ (Guía Penin); Marqués de Tomares Crianza 2001: 88 (Wine Enthusiast: “An example of a well-made, lightweight red that puts clarity and freshness ahead of bulk and oak”); um dos 10 melhores Rioja da safra de 2001, segundo a lista do crítico Eric Asimov, no New York Times; “frutado denso e bem acabado.. bem entremeado com a madeira... um Rioja limpo e bem-arrumado” (Revista Gula – Vinhos do Ano 2005); Don Román 2003: “um dos melhores nesta faixa [de preços]” (Revista Gula – Vinhos do Ano 2005); Miolo Fortaleza do Seival Tempranillo 2005: não há registros para esta safra. Sobre o vinho da safra anterior (2004): *** (Vinho Magazine); “Excelente Compra” (Guia de Vinhos 2005 – Revista Gula); “Aromas intensos... limpo no nariz e na boca... sedoso e fino. Sinal muito alvissareiro da nova viticultura brasileira” (Revista Gula – Vinhos do Ano 2005).

Preços:

Marqués de Riscal Reserva 2000– R$ 97,90(Carrefour- BH)
Marqués de Arienzo Reserva 1999 – R$ 66,90 (Verdemar - BH)
Marqués de Tomares Crianza 2001 – R$ 32,90 (Verdemar - BH)
Don Román 2003 – R$ 25,90 (Verdemar - BH)
Fortaleza do Seival 2005 – R$ 22,90 (Verdemar - BH)

1 comentários:

Igor Maia disse...

Gostaria de agradecer a todos pela ótima recepção. Dizer que a degustação foi muito prazerosa e espero que eu possa estar nas próximas! Agradeço principalmente ao Édil e a Flávia pela oportunidade.